sábado, 16 de outubro de 2010

As bocks

Começou o outono aqui em Amsterdam, já esfriou bastante e passar dos 12 graus já começa a ser privilégio. Pelo menos as temperaturas ainda estão acima de zero.
Uma das coisas boas que percebi que vieram junto com o frio, foram as cervejas sazonais. Entre elas, as bock. As quatro principais cervejarias já lançaram as suas no mercado e já se encontram com certa facilidade em supermercados, como Dirk van den Broek e Albert Heijn (Betão, para os íntimos). Comprei a primeira delas, uma long neck da Heineken chamada Tarwebok (tipo weizenbock). Vou experimentar logo mais.

Umas fotos das bocks das grandes marcas:
Amstel
Bavaria

Grolsch
Heineken



Que venha o frio!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Quando as coisas se invertem

Venho há mais de mês procurando emprego, sem sucesso e pelas mais diferentes razões para o insucesso. Desde a impossibilidade de trabalhar 40 horas semanais a não falar holandês até chegar finalmente à minha ingenuidade de dizer que tenho plano de ficar somente 1 ano por aqui. Sei que para essa última razão deveria sempre ter dito que quero ficar aqui para todo o sempre, etêrno.
Foram nas entrevistas de emprego na Holanda que percebi uma inversão de papeis na forma como a confiança acontece na Holanda e no Brasil. Normalmente, nas CNTP, no Brasil desconfiamos de tudo e de todos até que se prove o contrário. Na Holanda é o oposto disso. Porém, nas entrevistas de emprego acontece uma inversão de papeis nessa relação: os holandeses não se importam se tu tem referências, não se importam se tu tá dizendo que tem a experiência que eles tão lendo no teu cv e fazem questão de embarcar no delicioso mundo das tricky questions e de testes em que colocam seus candidatos em situações de pressão psicológica, fazendo perguntas técnicas de coisas que se aprende na faculdade mas que por algum motivo, talvez destino, não tenha visto nunca mais durante minha vida profissional. Além disso, a espontaneidade e outras qualidades que permitem um ser humano trabalhador ser único, são totalmente suprimidas aqui, temos de ter respostas para perguntas na ponta da língua, e planejadas do jeito que eles querem escutar. Eu não curto esse jogo, só a necessidade vai dizer se vou precisar entrar nesse joguinho sujo aí, hehe. Os holandeses não confiam nos entrevistados.

E no Brasil? Bom, preciso dizer como é?

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A agitada vida noturna dos cisnes

Estava eu voltando de um pub na Rembrandtplein, quando percebi que estava na estação de metrô e que o último trem já havia saído 5 minutos antes de minha chegada à estação. "PQP, odeio os ônibus noturnos e vou ter que pegar, ainda por cima lá na Centraal Station", que é quase meia hora dali a pé, chovendo uma chuva gelada que o etanol naquelas alturas até que ajudava a percebê-la em menor intensidade.

No caminho à Centraal Station, ao passar pelo Red Light District (eu juro que fazia parte do caminho, mesmo! pelo menos do mais curto) percebi uma aglomeração de uma população um tanto quanto inesperada para o horário e, por que não, pro local.



Algum biológo pode me explicar o porque de os cisnes se concentrarem à noite no Red Light District? Durante o dia não se vê nem 1/5 dessa população nos canais. Detalhe, esse Theatre Casa Rosso, com o simpático elefante rosa é uma casa de sexo ao vivo, pelo visto muito popular entre os cisnes.

domingo, 5 de setembro de 2010

Uma tarde de domingo

Resolvi bater perna pela região central de Amsterdã, numa agradabilíssima tarde de domingo. Sem vento, sem chuva, só sol. Tive de aproveitar, sei que a coisa não melhora em termos de clima daqui pra frente.
Conheci parques e praças, circulei pela zona dos museus (Museumplein) e fui ao norte, no "fervo". Dei uma passada na Rembrandtplein. Tudo extremamente agradável. Músicos por tudo disputando a atenção (e os trocos) das pessoas do local. Músicos desde gaiteiros/sanfoneiros a violonistas flamencos.

No meio de tudo isso, numa das ruas com canais presenciei a seguinte cena: uma família (ou grupo de amigos) fazendo churrasco no meio da rua, ouvindo um som.

Nunca tive uma ideia dessas. Perfeito.

Foto (clicando nela será aberta outra aba do browser com a foto em tamanho maior):


Legal notar outros detalhes também, como guri sentado na janela do prédio, o som na janela do prédio cor de vinho, o Hempmuseum, cadeiras Philippe Starck usadas como se fossem cadeiras de boteco e, claro, bicicletas e o canal.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

"Word of Welcome" na VU

Na quarta-feira passada, dia 25/8 teve esse evento para os estudantes internacionais, na VU (se pronuncia o V quase como um F, e o U tipo francês.... sim tô FU). A propósito, VU é uma sigla pra Vrije Universiteit, ou universidade livre, livre do estado e da igreja. A Holanda é marcada pelo liberalismo tanto social (tolerância entre as mais altas do mundo com as diferenças das pessoas) quanto econômico, já que é um país que sempre fez comércio no mundo todo desde muito tempo atrás, são comerciantes natos. Ok, o parêntese se alongou demais, vou ao assunto, uma das palestras das boas-vindas.

A professora Monika, que nem lembro de qual faculdade é, fez uma palestra sobre encontros culturais e contou uma historinha em que segundo ela pode-se perceber os valores prezados pelas diferentes culturas e conjunto de valores pessoais, talvez até mais o segundo do que o primeiro.

A história é a de Peter, Paul e Mary... e Simbad também, vai.

Peter e Mary eram casados. Veio uma forte crise econômica e Mary acabou sendo demitida, pois sua empresa teve de cortar uma boa parte de seu pessoal. Tudo ficou muito mais difícil na vida do casal, mas Peter viu que poderia dar um jeito na situação trabalhando numa carga horária muito maior. Peter mal aparecia em casa, de tanto que teve de trabalhar para sustentar o casal. Mary, sem o que fazer, foi prá rua e avistou, do outro lado da ponte, um homem, Paul, o artista. Achou interessante o que viu e resolveu atravessar a ponte. Paul e Mary começaram a conversar e com o tempo foram ficando íntimos e passaram a ter um caso.
Num dia chuvoao, de tempestade, Peter ligou para Mary dizendo que chegaria mais cedo em casa, que conseguiu se liberar do trabalho. Mary estava na casa de Paul, o artista e resolveu voltar correndo pra casa, só que a ponte se rompeu e ficou sem acesso de volta pra casa. Ela encontrou um barco, cujo dono era Simbad. Simbad aceitou levar ela até o outro lado, mas cobrou um valor cuja quantia ela não podia pagar, e teria de ser adiantado, então não aceitou a ideia de pagar assim que chegasse ao destino. Mary então retornou à casa de Paul e pediu dinheiro a ele, desesperada. Paul disse que a relação deles era de amor e não de negócios/dinheiro, então não deu a Mary o dinheiro que ela pediu. Mary voltou a falar com Simbad, tentando mais uma vez negociar a viagem ao outro lado do rio. Simbad mais uma vez falou que numa chuva dessas aí sim que não atravessaria de graça, mas que ela poderia pagar de "outro jeito"... Mary negou, e numa atitude totalmente desesperada tentou atravessar o rio a nado, e nada, morreu afogada.

Quem é o moralmente/eticamente mais incorreto: Peter, Paul, Mary ou Simbad?

Sobre a situação legal da maconha

A Holanda é um país onde os turistas que vêm pra cá pensam que é onde pode tudo. Pra ficar três ou quatro dias, garanto que se pode fazer muito mais coisas até mesmo no Brasil do que aqui. Sobre a maconha, a lei apenas demonstra maior coerência. Não entendo nada de advocacia e legislação, então vou falar de lógica e bom senso, somente. Minha opinião pessoal sobre se maconha deve ser lícita ou não, não será expressada.

Fatos:

1. Somente locais com permissão especial do governo podem vender maconha (e pagar impostos), mas com restrições:
     a.) não é permitido fazer propaganda do "produto";
     b.) cada consumidor pode comprar no máximo 5g do "produto", mais do que isso será considerado um vendedor náo-licenciado (ou traficante, se preferirem).

2. Uso
     a.) o "produto" pode ser consumido no local de venda, alguns parques ou em casa. Na rua NÃO É permitido fazer uso do... "produto", apesar da polícia fazer de conta que não vê.
    
Realmente, faz sentido ter restrições quanto ao porte se há alguma fonte de venda legitimada pelo governo. Leis que permitem porte mas não permitem venda, no meu ponto de vista simplesmente não fazem sentido, então que proíbam (e fiscalizem, sejam machos) do início ao fim.

Garrafas PET

Aqui no condomínio que moro, tem um armazém (bem caro por sinal, pra ir só nos momentos de maior preguiça) que vende a maioria dos produtos de uso diário. Entre eles, os refrigerantes. Nesse armazém ganha desconto de 0.25 euros quem leva uma garrafa PET pra trocar na compra de um refrigerante. Talvez assim o uso das mesmas seja mais responsável. Se pensar doesse, ainda...

Porque "Polder Life"?

Simples, direto ao ponto: pôlder é o terreno que se "ganha" através do bloqueio exercido pelas barragens (diques). Como boa parte da Holanda é sobre pôlderes, simples: Vida no Pôlder, Polder Life.
Pra que servem os cataventos? Pra bonito, né? Óbvio! Que não! A função deles é ativar a bomba que drena a água do polder de volta para o mar, por isso tem tantos na Holanda. Mais informações em: http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B4lder

Ditado inglês: "Deus criou o mundo, mas os holandeses criaram a Holanda".

Até que enfim, o blog.

Nunca fui das letras, por isso é natural pra mim não ser das letras na internet também. Não quero frustrar ninguém, então já aviso: não sei com que frequência vou escrever aqui, não sei nem se o blog vai vingar e vou realmente me dedicar a ele. De qualquer forma pretendo mostrar aqui coisas particulares a respeito dessa experiência de 1 ano morando em Amstelveen, Holanda. Welkom!